Que venham
os sábios, perguntando onde está Deus. Deus encontra-Se onde o sábio, com toda
a sua orgulhosa ciência, não consegue chegar.
Deus
encontra-Se no coração desprendido, no silêncio da oração, no sofrimento como
sacrifício voluntário, no vazio do mundo e das suas criaturas.
Deus está
na cruz; enquanto não amarmos a cruz, não O veremos, não O sentiremos.
Calai-vos
homens, que não parais de fazer barulho!
Ah, Senhor,
como estou feliz no meu retiro!
Como Te amo
na minha solidão!
Como
gostaria de Te oferecer o que já não tenho, pois tudo dei!
Pede-me, Senhor.
Mas que posso eu dar-Te?
O meu
corpo, já o tens, é teu; a minha alma, Senhor, por que suspira ela se não por
Ti, para que no fim acabes por tomá-la?
O meu
coração está aos pés de Maria, chorando de amor e sem querer mais nada se não
Tu.
A minha
vontade: por acaso desejo, Senhor, o que Tu não desejas?
Diz-me,
Senhor, qual é a tua vontade e porei a minha em uníssono.
Amo tudo o
que me envias e me dás, tanto a saúde como a doença, tanto estar aqui como ali,
tanto ser uma coisa como outra; toma a minha vida, Senhor, quando o desejares.
Como não
ser feliz assim? Se o mundo e os homens soubessem.
Mas eles
não saberão, estão muito ocupados com os seus interesses, têm o coração muito
cheio de coisas que não são Deus.
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Dos “Escritos Espirituais” de São Rafael Arnáiz Barón (1911-1938),
monge trapista espanhol
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