quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Toma a minha vida, Senhor, quando o desejares!


     Que venham os sábios, perguntando onde está Deus. Deus encontra-Se onde o sábio, com toda a sua orgulhosa ciência, não consegue chegar.
     Deus encontra-Se no coração desprendido, no silêncio da oração, no sofrimento como sacrifício voluntário, no vazio do mundo e das suas criaturas.
     Deus está na cruz; enquanto não amarmos a cruz, não O veremos, não O sentiremos.
     Calai-vos homens, que não parais de fazer barulho!
     Ah, Senhor, como estou feliz no meu retiro!
     Como Te amo na minha solidão!
     Como gostaria de Te oferecer o que já não tenho, pois tudo dei!
     Pede-me, Senhor. Mas que posso eu dar-Te?
     O meu corpo, já o tens, é teu; a minha alma, Senhor, por que suspira ela se não por Ti, para que no fim acabes por tomá-la?
     O meu coração está aos pés de Maria, chorando de amor e sem querer mais nada se não Tu.
     A minha vontade: por acaso desejo, Senhor, o que Tu não desejas?
     Diz-me, Senhor, qual é a tua vontade e porei a minha em uníssono.
     Amo tudo o que me envias e me dás, tanto a saúde como a doença, tanto estar aqui como ali, tanto ser uma coisa como outra; toma a minha vida, Senhor, quando o desejares.
     Como não ser feliz assim? Se o mundo e os homens soubessem.
     Mas eles não saberão, estão muito ocupados com os seus interesses, têm o coração muito cheio de coisas que não são Deus.
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Dos “Escritos Espirituais” de São Rafael Arnáiz Barón (1911-1938),
monge trapista espanhol

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