Por causa do pecado, Tu, inocente,
Foste levado ao tribunal dos
condenados!
Quando vieres na glória do Pai
Não me julgues com eles! (Mt
25,31ss)
Pela vergonha do primeiro
homem, esse impudente,
Foste achincalhado com os
escarros do sacrilégio!
Apaga-me do rosto o meu pecado
Com que ele se cobriu de
vergonha! […]
Puseram aos teus ombros o manto
escarlate
E foste revestido de púrpura,
Qual desonra e afronta!
Assim pensaram os soldados de
Pilatos (Mt 27,28).
Afasta de mim o cilício do pecado,
A púrpura escarlate cor de
sangue,
E reveste-me das vestes da
alegria
Como no princípio fizeste ao
primeiro homem!
Dobrando o joelho, eles escarneciam
Na galhofa e na risada!
E ao ver tudo isso, as hostes
celestiais
Adoravam a tua Majestade,
temerosas.
Tudo isso suportaste para da nossa
natureza de Adão,
Esse amigo do pecado,
retirares a vergonha
E da minha alma e consciência
Extraíres essa vergonha cheia
de tristeza. […]
Depois do veredito do juiz,
Recebeste os terríveis golpes
da flagelação
Sobre o teu corpo todo
E todos os espaços do teu
corpo!
A mim que dos pés à cabeça
Sofro dores intoleráveis
Vem de novo curar-me,
Vem de novo curar-me,
Como quando da graça do
batismo!
Em vez dos espinhos do pecado
Que por nossa causa a maldição
fez surgir (Gn 3,18),
Os vinhateiros de Jerusalém
(Mt 21,33ss)
Na tua cabeça enterraram a
coroa de espinhos!
Arranca de mim os espinhos do pecado
Que o Inimigo plantou em mim,
E cura-me dessa chaga
purulenta
Que me deixaram os estigmas do
pecado!
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São Nersés Snorhali (1102-1173),
patriarca armênio
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