Mesmo os mais estreitos
laços de amizade e uma igualdade sem falha dos espíritos não podem, na verdade,
reivindicar para si esta paz, se não concordarem com a vontade de Deus. Estão
fora da dignidade desta paz a semelhança na cobiça dos maus, as alianças
pecaminosas, os pactos para o vício. O amor do mundo não combina com o amor de
Deus, nem passa para a sociedade dos filhos de Deus quem não se separa da vida
carnal. Quem sempre com Deus tem em mente guardar com solicitude a unidade
do espírito no vínculo da paz (Ef 4,3), jamais discorda da lei eterna,
repetindo a oração da fé: Seja feita a tua vontade assim na terra como no
céu (Mt 6,10).
São estes os pacíficos,
estes os unânimes no bem, santamente concordes, que receberão o nome eterno de filhos
de Deus, co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,17). Porque o amor de Deus e o do
próximo lhes obterão não mais sentir adversidades, não mais temer escândalo
algum. Mas terminado o combate de todas as tentações, repousarão na tranqüila
paz de Deus, por nosso Senhor que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina pelos
séculos dos séculos. Amém.
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Do Sermão sobre as
Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa (séc. V)
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