A misericórdia divina
compadece-se das lágrimas desta mãe. Ela é viúva; o sofrimento e a morte do seu
filho único abalaram-na profundamente. [...] Parece-me que esta viúva, rodeada
por uma grande multidão, é mais do que uma simples mulher que merece, pelas
suas lágrimas, a ressurreição de um filho jovem e único. Ela é a imagem da
própria Santa Igreja que, através das suas lágrimas, no meio do cortejo fúnebre
e até ao túmulo, consegue chamar à vida o jovem povo que é o mundo. [...]
Porque à palavra de Deus os
mortos ressuscitam, recuperam a voz e a mãe reencontra o seu filho; ele é
chamado do túmulo, arrancado ao sepulcro. Que túmulo é este para vós senão a
vossa má conduta? O vosso túmulo é a falta de fé. [...] Cristo liberta-vos
deste sepulcro; saireis do túmulo se escutardes a palavra de Deus. E, se os
vossos pecados forem demasiado graves para poderem ser lavados pelas lágrimas
da vossa penitência, intervirão por vós as lágrimas da vossa mãe, a Igreja.
[...] Ela intercede por todos os seus filhos como o faria por outros tantos
filhos únicos. Com efeito, ela está repleta de compaixão e sente uma dor
espiritual muito maternal quando vê os seus filhos serem arrastados para a
morte pelo pecado.
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Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
(Caminho de Santiago: Furelos - Crucifixo do Peregrino)
Como exprimir o que a minha alma sentiu
quando, da boca dum santo prelado, ouviu o que é já a minha loucura, o que me
torna absolutamente feliz no meu exílio: o amor da cruz! [...] Que bom seria
ter a verve do rei David para poder exprimir as maravilhas do amor à cruz!
[...]
A cruz de Cristo! Que mais posso dizer?
Não sei orar, não sei o que é ser bom, não tenho espírito religioso, pois estou
cheio do mundo. Só sei uma coisa, uma coisa que enche a minha alma de alegria,
apesar de me ver tão pobre de virtudes e tão rico em misérias; sei apenas que
tenho um tesouro que não trocaria por nada nem por ninguém: a minha cruz, a
cruz de Jesus, essa cruz que é o meu único repouso. Como explicar isto? Quem
não experimentou, não pode sequer suspeitar do que se trata.
Ah, se todos os homens amassem a cruz de
Cristo! Se o mundo soubesse o que é abraçar plenamente, verdadeiramente, sem
reservas, em loucura de amor, a cruz de Cristo! [...] Tanto tempo perdido em
conversas, devoções e exercícios que são santos e bons, mas que não são a cruz
de Jesus, não são o que há de melhor. [...]
Pobre homem que não prestas para nada,
que não serves para nada [...], que arrastas a tua vida, seguindo como podes as
austeridades da regra, contentando-te em esconder no silêncio os teus ardores:
ama até à loucura o que o mundo despreza por não conhecer, adora em silêncio
essa cruz, que é o teu tesouro, sem que ninguém se aperceba. Medita em silêncio
diante dela nas grandezas de Deus, nas maravilhas de Maria, nas misérias do
homem. [...] Prossegue a tua vida sempre em silêncio, amando, adorando e
unindo-te à cruz. Que queres mais? Saboreia a cruz, como disse hoje de manhã o
senhor bispo. Saborear
a cruz!
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São
Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), monge trapista espanhol
Hoje Nosso Senhor Jesus Cristo está na CRUZ
e nós festejamos, para que saibamos que a cruz é uma festa e uma celebração
espiritual. Outrora a cruz significou um castigo, agora tornou-se objeto de
honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la agora princípio de salvação. Pois
ela é para nós a causa de numerosos bens: LIBERTOU-NOS DO ERRO, ILUMINOU-NOS
NAS TREVAS E RECONCILIOU-NOS COM DEUS; tínhamo-nos tornado para Ele inimigos e estranhos, e ela deu-nos a Sua amizade e aproximou-nos d'Ele. A cruz é para nós
a destruição da inimizade, o garante da paz, o tesouro de mil bens.
Graças a ela não erramos já pelos
desertos, porque conhecemos o verdadeiro caminho. Não ficamos de fora do
palácio real, porque encontramos a porta. Não receamos as armas ardentes do
diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela já não somos viúvos, porque
descobrimos o Esposo. Não temos medo do lobo, porque temos o bom pastor. Graças
à cruz não tememos o usurpador, porque nos sentamos ao lado do Rei.
Eis porque estamos contentes ao festejar
a memória da cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da
cruz: «Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento
da malícia e da corrupção mas com os ázimos da pureza e da verdade» (1Co 5,8).
E a razão para isso: «Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado» (v. 7).
Com razão a bem-aventurança
de ver a Deus é prometida aos corações puros. Pois os olhos imundos não podem
ver o esplendor da verdadeira luz; será alegria das almas límpidas aquilo mesmo
que será castigo dos corações impuros. Para longe então a fuligem das vaidades terenas.
Limpemos de toda iniqüidade suja os olhos interiores, e o olhar sereno se sacie
de tão maravilhosa visão de Deus.
Mesmo os mais estreitos
laços de amizade e uma igualdade sem falha dos espíritos não podem, na verdade,
reivindicar para si esta paz, se não concordarem com a vontade de Deus. Estão
fora da dignidade desta paz a semelhança na cobiça dos maus, as alianças
pecaminosas, os pactos para o vício. O amor do mundo não combina com o amor de
Deus, nem passa para a sociedade dos filhos de Deus quem não se separa da vida
carnal. Quem sempre com Deus tem em mente guardar com solicitude a unidade
do espírito no vínculo da paz (Ef 4,3), jamais discorda da lei eterna,
repetindo a oração da fé: Seja feita a tua vontade assim na terra como no
céu (Mt 6,10).
São estes os pacíficos,
estes os unânimes no bem, santamente concordes, que receberão o nome eterno de filhos
de Deus, co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,17). Porque o amor de Deus e o do
próximo lhes obterão não mais sentir adversidades, não mais temer escândalo
algum. Mas terminado o combate de todas as tentações, repousarão na tranqüila
paz de Deus, por nosso Senhor que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina pelos
séculos dos séculos. Amém.
Em qualquer parte do mundo, independência, liberdade,
democracia, justiça, ética, planejamento e ordem melhoram a saúde, a educação e
a qualidade de vida dos cidadãos. Governo e povo são inteligentes, quando
contemplam de forma integrada essas sete dimensões, como telhas imbricadas de
um telhado de edificação. Basta o suprimento de uma delas para criar furos,
vazamento e bolhas. Importante salientar que espiritualidade também é atividade
essencial para o ser humano. Na era moderna, desenvolvimento ocorre gradual e
cumulativamente, não é mais feito por revoluções.
Há no Brasil 32 milhões de famintos e sem expectativas
de melhorar o padrão de vida. A principal causa é a falta de planejamento
familiar: estava nu e não me orientaste e nem ofereceste condição para me
vestir, estava com fome e nem me educaste para comprar comida e um teto para
morar. Mudam os governantes e os discursos são plagiados, mas a pobreza
continua a mesma há 512 anos. As condições para o país ser de fato independente
estão em aqui junto do povo brasileiro, e não na Europa, América do Norte,
África, Ásia, Oceania.
Para alcançar independência, todos os cidadãos
necessitam libertar-se da retórica, despojar-se das falsas idéias, agir com
honestidade, fazer observações com senso crítico e de maneira objetiva. Uma das
missões da Escola, Igreja e meios de comunicação é livrar a juventude da magia
e do encantamento. Há no ar excessiva ingenuidade, contradições, linguagem
corrompida, inverdades, palpites e animalidade.
No século XXI, sob alguns ângulos, a independência do
Brasil enfraqueceu e desmoronou. O povo precisa ser alertado para esses
agravantes. Há excessiva propaganda consumista, fingimento das
responsabilidades éticas, falta de planejamento para agir e resolver
definitivamente o problema da pobreza num período de oito a dez anos.
INDEPENDÊNCIA NÃO É CONVENÇÃO, MAS MARCO DA HISTÓRIA NACIONAL E PERTENÇA SOCIAL. Pobreza, corrupção, má administração das
instituições e coisas públicas são ataques à independência, não são problemas
só do governo, seus ou meus, mas de todos que tem alguma competência de
interferir no processo. Portanto, independênciasugere mudanças, lembrando que
a essência do direito é a justiça, a essência da justiça é a dignidade e a
essência da dignidade é o amor ao próximo e a Deus.
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Pedro Antônio Bernardi
(jornalista, economista, professor universitário
aposentado, consultor de comunicação social, palestrante, autor de livros)