quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12 de dezembro - Nossa Senhora de Guadalupe

 
 
       Num sábado de mil e quinhentos e trinta e um, perto do mês de dezembro, um índio de nome Juan Diego, mal raiava a madrugada, ia do seu povoado a Tlatelolco, para participar do culto divino e escutar os mandamentos de Deus. Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do alto o chamavam:
- Juanito! Juan Dieguito!
       Subiu até o cimo e viu uma senhora de sobre-humana grandeza, cujo vestido brilhava como o sol, e que, com voz muito branda e suave, lhe disse:
- Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem, Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos. Desejo muito que se erga aqui um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor, compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho.
       Chegando Juan Diego à presença do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga, frade de São Francisco, este pareceu não dar crédito e respondeu:
- Vem outro dia, e te ouvirei com mais calma.
       Juan Diego voltou ao cimo do cerro, onde a Senhora do céu o esperava, e lhe disse:
- Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina, expus a tua mensagem ao Bispo, mas parece que não acreditou. Assim, rogo-te que encarregues alguém mais importante de levar tua mensagem com mais crédito, porque não passo de um joão-ninguém.
       Ela respondeu-lhe:
- Menor dos meus filhos, rogo-te encarecidamente que tornes a procurar o Bispo amanhã dizendo-lhe que eu própria, Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, é que te envio.
       Porém no dia seguinte, domingo, o Bispo de novo não lhe deu crédito e disse ser indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara. E o despediu sem mais aquela.
       Segunda-feira, Juan Diego não voltou. Seu tio Juan Bernardino adoecera gravemente e à noite pediu-lhe que fosse a Tlatelolco de madrugada, para chamar um sacerdote que o ouvisse em confissão.
       Juan Diego saiu na terça-feira, contornando o cerro e passando pelo outro lado, em direção ao Oriente, para chegar logo à Cidade do México, a fim de que Nossa Senhora não o detivesse. Porém ela veio a seu encontro e lhe disse:
- Ouve e entende bem uma coisa, tu que és o menorzinho dos meus filhos: o que agora te assusta e aflige não é nada. Não se perturbe o teu coração nem te inquiete coisa alguma. Não estou aqui, eu, tua mãe? Não estás sob a minha sombra? Não estás porventura sob a minha proteção? Não te aflija a doença do teu tio. Fica sabendo que ele já sarou. Sobe agora, meu filho, ao cimo do cerro, onde acharás um punhado de flores que deves colher e trazer-mo.
       Quando Juan Diego chegou ao cimo, ficou assombrado com a quantidade de belas rosas de Castela que ali haviam brotado em pleno inverno; envolvendo-as em sua manta, levou-as para Nossa Senhora. Ela lhe disse:
- Meu filho, eis a prova, o sinal que apresentarás ao Bispo, para que nele veja a minha vontade. Tu é o meu embaixador, digno de toda a confiança.
       Juan Diego pôs-se a caminho, agora contente e confiante em sair-se bem de sua missão. Ao chegar à presença do Bispo, lhe disse:
- Senhor, fiz o que me ordenaste. Nossa senhora consentiu em atender o teu pedido. Despachou-me ao cimo do cerro, para colher ali várias rosas de Castela, trazê-las a ti, entregando-as pessoalmente. Assim o faço, para que reconheças o sinal que pediste e assim cumpras a sua vontade. Ei-las aqui: recebe-as.
       Desdobrou em seguida a sua branca manta. À medida em que as várias rosas de Castela espalhavam-se pelo chão desenhava-se no pano e aparecia de repente a preciosa imagem de Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, como até hoje se conserva no seu templo de Tepeyac.
       A cidade inteira, em tumulto, vinha ver e admirar a sua santa imagem e dirigir-lhe suas preces. Obedecendo à ordem que a própria Nossa Senhora dera ao tio Juan Bernardino, quando devolveu-lhe a saúde, ficou sendo chamada como ela queria: "Santa Maria sempre Virgem de Guadalupe".
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Do "Nicán Mopohua",
relato do escritor indígena do século dezesseis Dom Antônio Valeriano
(A voz da rola se escuta em nossa terra)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ai da alma em que não habita Cristo

 
       Deus outrora, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém como espetáculo aos gentios; e foram dominados por aqueles que os odiavam; não havia mais festas nem oblações. De igual modo, irado contra a alma por ter transgredido o mandamento, entregou-a aos inimigos que a seduziram e a deformaram.
       Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra, desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus, que nela jubilava com seus anjos, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa infâmia.
       Ai da estrada por onde ninguém passa nem se ouve voz de homem! Será morada de animais. Ai da alma, se nela não passeia Deus, afugentando com sua voz as feras espirituais da maldade! Ai da casa não habitada por seu dono! Ai da terra sem o lavrador que a cultiva!
       Ai do navio, se lhe falta o piloto; sacudido pelas ondas e tempestades do mar, soçobrará! Ai da alma que não tiver em si o verdadeiro piloto, o Cristo! porque lançada na escuridão de mar impiedoso e sacudida pelas ondas das paixões, jogada pelos maus espíritos como em tempestade de inverno, encontrará afinal a morte.
       Ai da alma se lhe falta Cristo, cultivando-a com diligência, para que possa germinar os bons frutos do Espírito! Deserta, coberta de espinhos e de abrolhos, terminará por encontrar, em vez de frutos, a queimada. Ai da alma, se seu Senhor, o Cristo, nela não habitar! Abandonada, encher-se-á com o mau cheiro das paixões, virará moradia dos vícios.
       O agricultor, indo lavrar a terra, deve pegar os instrumentos e vestir a roupa apropriada para o trabalho; assim também Cristo, o rei celeste e verdadeiro agricultor, ao vir à humanidade, deserta pelo vício, assumiu um corpo e carregou, como instrumento, a cruz. Lavrou a alma desamparada, arrancou-lhe os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extirpou a cizânia do pecado e lançou ao fogo toda a erva de suas culpas. Tendo-a assim lavrado com o lenho da cruz, nela plantou maravilhoso jardim do Espírito, que produz toda espécie de frutos deliciosos e agradáveis a Deus, seu Senhor.
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Das Homilias atribuídas a São Macário, bispo do séc. IV

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

L'atleta - Giovanni Paolo II

Un atleta deve essere non solo un campione nello sport,
ma anche un modello di umanità.
Abbiate sempre comportamenti personali
che incoraggino e stimolino al bene.
(Giubileo dello Sport - 23 marzo 1991)

Correre (J.Owens)

 
Non importa cosa trovi alla fine di una corsa,
l’importante è quello che provi mentre stai correndo.
Il miracolo non è essere giunto al traguardo,
ma aver avuto il coraggio di partire.
Non è forte colui che non cade mai,
ma lo è colui che dopo essere caduto si rialza e ricomincia.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Preghiera di Sant'Agostino

 
O Dio,
allontanarsi da Te è cadere,
tornare a Te è risorgere,
restare in Te è esistere!
 
(Sant’Agostino, Soliloqui 1,1.3)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Una buona idea (Niccolò Fabi)

 
Sono un orfano di acqua e di cielo
Un frutto che da terra guarda il ramo
Orfano di origine e di storia
E di una chiara traiettoria
Sono orfano di valide occasioni
Del palpitare di un'idea con grandi ali
Di cibo sano e sane discussioni
Delle storie, degli anziani, cordoni ombelicali
Orfano di tempo e silenzio
Dell'illusione e della sua disillusione
Di uno slancio che ci porti verso l'alto
Di una cometa da seguire, un maestro d'ascoltare
Di ogni mia giornata che è passata
Vissuta, buttata e mai restituita
Orfan della morte, e quindi della vita
 
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
 
Sono orfano di pomeriggi al sole, delle mattine senza giustificazione
Dell'era di lavagne e di vinile, di lenzuola sui balconi
Di voci nel cortile
Orfano di partecipazione e di una legge che assomiglia all'uguaglianza
Di una democrazia che non sia un paravento
Di onore e dignità, misura e sobrietà
E di una terra che è soltanto calpestata
Comprata, sfruttata, usata e poi svilita
Orfan di una casa, di un'Italia che è sparita
 
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
Mi basterebbe essere padre di una buona idea
 
Una buona idea
Una buona idea
Una buona idea

terça-feira, 18 de setembro de 2012

As lágrimas de uma mãe


       A misericórdia divina compadece-se das lágrimas desta mãe. Ela é viúva; o sofrimento e a morte do seu filho único abalaram-na profundamente. [...] Parece-me que esta viúva, rodeada por uma grande multidão, é mais do que uma simples mulher que merece, pelas suas lágrimas, a ressurreição de um filho jovem e único. Ela é a imagem da própria Santa Igreja que, através das suas lágrimas, no meio do cortejo fúnebre e até ao túmulo, consegue chamar à vida o jovem povo que é o mundo. [...]
       Porque à palavra de Deus os mortos ressuscitam, recuperam a voz e a mãe reencontra o seu filho; ele é chamado do túmulo, arrancado ao sepulcro. Que túmulo é este para vós senão a vossa má conduta? O vosso túmulo é a falta de fé. [...] Cristo liberta-vos deste sepulcro; saireis do túmulo se escutardes a palavra de Deus. E, se os vossos pecados forem demasiado graves para poderem ser lavados pelas lágrimas da vossa penitência, intervirão por vós as lágrimas da vossa mãe, a Igreja. [...] Ela intercede por todos os seus filhos como o faria por outros tantos filhos únicos. Com efeito, ela está repleta de compaixão e sente uma dor espiritual muito maternal quando vê os seus filhos serem arrastados para a morte pelo pecado.
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Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Sobre o Evangelho de São Lucas, V, 89

domingo, 16 de setembro de 2012

«Se alguém quiser vir após Mim [...], tome a sua cruz e siga-Me»

(Caminho de Santiago: Furelos - Crucifixo do Peregrino)

       Como exprimir o que a minha alma sentiu quando, da boca dum santo prelado, ouviu o que é já a minha loucura, o que me torna absolutamente feliz no meu exílio: o amor da cruz! [...] Que bom seria ter a verve do rei David para poder exprimir as maravilhas do amor à cruz! [...]
       A cruz de Cristo! Que mais posso dizer? Não sei orar, não sei o que é ser bom, não tenho espírito religioso, pois estou cheio do mundo. Só sei uma coisa, uma coisa que enche a minha alma de alegria, apesar de me ver tão pobre de virtudes e tão rico em misérias; sei apenas que tenho um tesouro que não trocaria por nada nem por ninguém: a minha cruz, a cruz de Jesus, essa cruz que é o meu único repouso. Como explicar isto? Quem não experimentou, não pode sequer suspeitar do que se trata.
       Ah, se todos os homens amassem a cruz de Cristo! Se o mundo soubesse o que é abraçar plenamente, verdadeiramente, sem reservas, em loucura de amor, a cruz de Cristo! [...] Tanto tempo perdido em conversas, devoções e exercícios que são santos e bons, mas que não são a cruz de Jesus, não são o que há de melhor. [...]
       Pobre homem que não prestas para nada, que não serves para nada [...], que arrastas a tua vida, seguindo como podes as austeridades da regra, contentando-te em esconder no silêncio os teus ardores: ama até à loucura o que o mundo despreza por não conhecer, adora em silêncio essa cruz, que é o teu tesouro, sem que ninguém se aperceba. Medita em silêncio diante dela nas grandezas de Deus, nas maravilhas de Maria, nas misérias do homem. [...] Prossegue a tua vida sempre em silêncio, amando, adorando e unindo-te à cruz. Que queres mais? Saboreia a cruz, como disse hoje de manhã o senhor bispo. Saborear a cruz!
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São Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), monge trapista espanhol

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Homilia sobre a Cruz e o Ladrão (São João Crisóstomo)


       Hoje Nosso Senhor Jesus Cristo está na CRUZ e nós festejamos, para que saibamos que a cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora a cruz significou um castigo, agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la agora princípio de salvação. Pois ela é para nós a causa de numerosos bens: LIBERTOU-NOS DO ERRO, ILUMINOU-NOS NAS TREVAS E RECONCILIOU-NOS COM DEUS; tínhamo-nos tornado para Ele inimigos e estranhos, e ela deu-nos a Sua amizade e aproximou-nos d'Ele. A cruz é para nós a destruição da inimizade, o garante da paz, o tesouro de mil bens.
       Graças a ela não erramos já pelos desertos, porque conhecemos o verdadeiro caminho. Não ficamos de fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não receamos as armas ardentes do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela já não somos viúvos, porque descobrimos o Esposo. Não temos medo do lobo, porque temos o bom pastor. Graças à cruz não tememos o usurpador, porque nos sentamos ao lado do Rei.
       Eis porque estamos contentes ao festejar a memória da cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da cruz: «Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção mas com os ázimos da pureza e da verdade» (1Co 5,8). E a razão para isso: «Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado» (v. 7).
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São João Crisóstomo (345-407),
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Grande paz para os que amam a tua lei


        Com razão a bem-aventurança de ver a Deus é prometida aos corações puros. Pois os olhos imundos não podem ver o esplendor da verdadeira luz; será alegria das almas límpidas aquilo mesmo que será castigo dos corações impuros. Para longe então a fuligem das vaidades terenas. Limpemos de toda iniqüidade suja os olhos interiores, e o olhar sereno se sacie de tão maravilhosa visão de Deus.
       Mesmo os mais estreitos laços de amizade e uma igualdade sem falha dos espíritos não podem, na verdade, reivindicar para si esta paz, se não concordarem com a vontade de Deus. Estão fora da dignidade desta paz a semelhança na cobiça dos maus, as alianças pecaminosas, os pactos para o vício. O amor do mundo não combina com o amor de Deus, nem passa para a sociedade dos filhos de Deus quem não se separa da vida carnal. Quem sempre com Deus tem em mente guardar com solicitude a unidade do espírito no vínculo da paz (Ef 4,3), jamais discorda da lei eterna, repetindo a oração da fé: Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu (Mt 6,10).
       São estes os pacíficos, estes os unânimes no bem, santamente concordes, que receberão o nome eterno de filhos de Deus, co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,17). Porque o amor de Deus e o do próximo lhes obterão não mais sentir adversidades, não mais temer escândalo algum. Mas terminado o combate de todas as tentações, repousarão na tranqüila paz de Deus, por nosso Senhor que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.
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Do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa (séc. V)

1ª Carta aos Coríntios 5,8


Celebremos, pois, a festa,
não com o fermento velho,
nem com o fermento da malícia e da corrupção,
mas com os ázimos da pureza e da verdade.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

iIndependência é vida, e não morte. Sob determinados aspectos, o Brasil está morrendo.



       Em qualquer parte do mundo, independência, liberdade, democracia, justiça, ética, planejamento e ordem melhoram a saúde, a educação e a qualidade de vida dos cidadãos. Governo e povo são inteligentes, quando contemplam de forma integrada essas sete dimensões, como telhas imbricadas de um telhado de edificação. Basta o suprimento de uma delas para criar furos, vazamento e bolhas. Importante salientar que espiritualidade também é atividade essencial para o ser humano. Na era moderna, desenvolvimento ocorre gradual e cumulativamente, não é mais feito por revoluções.
       Há no Brasil 32 milhões de famintos e sem expectativas de melhorar o padrão de vida. A principal causa é a falta de planejamento familiar: estava nu e não me orientaste e nem ofereceste condição para me vestir, estava com fome e nem me educaste para comprar comida e um teto para morar. Mudam os governantes e os discursos são plagiados, mas a pobreza continua a mesma há 512 anos. As condições para o país ser de fato independente estão em aqui junto do povo brasileiro, e não na Europa, América do Norte, África, Ásia, Oceania.
       Para alcançar independência, todos os cidadãos necessitam libertar-se da retórica, despojar-se das falsas idéias, agir com honestidade, fazer observações com senso crítico e de maneira objetiva. Uma das missões da Escola, Igreja e meios de comunicação é livrar a juventude da magia e do encantamento. Há no ar excessiva ingenuidade, contradições, linguagem corrompida, inverdades, palpites e animalidade.
       No século XXI, sob alguns ângulos, a independência do Brasil enfraqueceu e desmoronou. O povo precisa ser alertado para esses agravantes. Há excessiva propaganda consumista, fingimento das responsabilidades éticas, falta de planejamento para agir e resolver definitivamente o problema da pobreza num período de oito a dez anos.
       INDEPENDÊNCIA NÃO É CONVENÇÃO, MAS MARCO DA HISTÓRIA NACIONAL E PERTENÇA SOCIAL. Pobreza, corrupção, má administração das instituições e coisas públicas são ataques à independência, não são problemas só do governo, seus ou meus, mas de todos que tem alguma competência de interferir no processo. Portanto, independência sugere mudanças, lembrando que a essência do direito é a justiça, a essência da justiça é a dignidade e a essência da dignidade é o amor ao próximo e a Deus.
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Pedro Antônio Bernardi
(jornalista, economista, professor universitário aposentado, consultor de comunicação social, palestrante, autor de livros)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mensagem aos Consagrados e às Consagradas do Brasil

 
Amados, amadas de Deus, Irmãos e Irmãs de Vida Consagrada,
Tenho Sede!
 
       Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja no Brasil 2011 – 2015 encontramos o seguinte texto: “para uma Igreja comunidade de comunidades, é imprescindível o empenho por uma efetiva participação de todos nos destinos da comunidade, pela diversidade de carismas, serviços e ministérios. Para isso, faz-se necessário promover: (…) o carisma da vida consagrada, em suas dimensões apostólica e contemplativa, presente em fronteiras missionárias; inserida junto aos pobres; atuante no mundo da educação, da saúde, da ação social; orante em mosteiros e carmelos, comprometida a evangelizar por sua vida e missão” (DGAE 104,b).
       Quando aprovamos este texto, lembramo-nos muito de vocês. E hoje, nós que fazemos a Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada – PV-SAV, OSIB, CNP, CND, CRB, CNIS e SBE -, queremos unir-nos a vocês na comemoração do dia do consagrado e da consagrada, marcado na grade do mês vocacional, no dia 19 de agosto.
       É nossa missão apoiar, promover, valorizar, cultivar, cuidar e animar os carismas e mistérios na Igreja, sobretudo os das pessoas de vida consagrada. A vida consagrada é comunhão, vista à luz da Santíssima Trindade. Comunhão em Deus é abertura e pericorese: o Pai está todo para o Filho; o Pai e o Filho estão todo para o Espírito Santo; e o Espírito, Senhor que dá a vida, procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: ele que falou pelos profetas. Esta abertura de uma pessoa divina a outra é o espelho da comunhão de vocês na vida consagrada. A confraternidade na vida consagrada é o espaço humano, habitado pela Santíssima Trindade. A vida consagrada é, portanto, um dos rastos concretos que a Trindade deixa na história para que os seres humanos possam sentir o encanto e a saudade da beleza divina.
       Vocês, amados, amadas de Deus, fazem parte da melhor e da mais perfeita forma de rede de comunidades; e também pelos carismas, apostólicos e contemplativos, vocês vivem a plenitude e a absoluta pertença a Deus, na ação e na oração. Portanto, caros e caras, permitam-nos escolher entre tantos, com o perigo que comporta qualquer escolha, os dez sinais que, a nosso parecer, melhor se adaptam ao estilo de vida que vocês levam e que mais chamam a nossa atenção, nesta homenagem que fazemos a vocês:
 
01. Ficamos felizes por vocês nos ensinarem a viver a leveza das nossas pesadas e letárgicas instituições eclesiais. Ensinem-nos a aliviar os pesados fardos das nossas Igrejas.
 
02. Agradecemos a vocês apostarem no valor da profecia e na força do profetismo, hoje bastante escasseados, até a entrega da vida no martírio. Que o testemunho de vocês ajude a nossa Igreja a redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha e o dom da vida.
 
03. Somos gratos a vocês por viverem o dom da virgindade consagrada, através de corações indivisos, em meio a uma sociedade erotizada. Que vocês consigam quebrar as barreiras do erotismo, do egoísmo e do individualismo, tão presentes na sociedade atual, assumindo um novo e diferenciado modo de vida, pela prática da castidade para servir, mais de perto, ao Cristo Senhor, e testemunhar que somos cidadãos e cidadãs do infinito.
 
04. Bendizemos a Deus por nos revelar em vocês o rosto materno de Deus e da Igreja, no cuidado dos mais pequeninos, dos restos, dos sobrantes e dos últimos. Que todos vocês, consagrados e consagradas de vida apostólica, monástica ou contemplativa, e membros dos Institutos Seculares, assumem o compromisso de dedicar a vida ao serviço do Reino de Deus, servindo aos irmãos na prática da misericórdia e da solidariedade, na luta pela justiça e na vivência do amor fraterno.
 
05. Louvamos pelos votos públicos de pobreza, obediência e castidade, e pela visibilidade da vivência radical destes conselhos evangélicos. Que a vida e as suas ações pastorais façam transparecer, com um sorriso no canto da boca, o rosto materno de Deus, especialmente para com os pobres, excluídos e marginalizados da sociedade.
 
06. Agradecemos a vocês a mística de paixão pelo Reino, em tempos complexos. Vivemos num mundo agitado e superficial. E que, neste contexto, vocês, consagrados e consagradas, cultivem a oração interior através da leitura orante da Palavra de Deus.
 
07. Somos profundamente gratos a vocês pela compaixão para com os pobres e pelo alegre testemunho de que somente Deus basta para dar sentido à vida e preenchê-la de alegria e de significado. É esta paixão pelo Reino que permite a vocês ouvirem a voz de Deus, deixando-O falar em todos os recantos da existência.
 
08. Obrigado por vocês apostarem no discipulado missionário, indo além do mundo que nos rodeia, para além das fronteiras da fé. A missionariedade está escrita no coração mesmo de toda a forma de vida consagrada. Vocês de vida consagrada são missionárias por excelência. E, por isto, devem ajudar-nos a crescer na consciência e na cooperação missionárias. E que este estilo de vida deixe transparecer a presença e a pertença ao Deus vivo, mesmo que, muitas vezes, de formas silenciosas.
 
09. Louvamos e agradecemos os projetos comuns, parcerias, partilhas e socialização dos dons e dos bens, em vista da missão e da evangelização. Que vocês ajudem a Igreja a manter aceso o fogo e o ardor missionários. E que vocês cultivem, cada vez mais, o amor a Jesus, apaixonados por Ele, fortalecidos pelos sagrados alimentos da eucaristia e do Evangelho da vida.
 
10. Enfim, profundamente agradecidos por vocês serem o que são, independentemente do que vocês fazem. Agradecemos igualmente a vocês o dom da vida doada e consagrada, com os olhos fixos em Jesus Cristo. Que vocês nos ajudem a crer que nossa pátria é o céu e que, portanto, ninguém viva, aqui na terra, como se aqui tivesse morada permanente.
 
       Que o Divino Espírito Santo, doador dos dons e carismas e mantenedor dos serviços e ministérios, continue soprando novos e fortes ventos para despertar e suscitar novas, boas e santas vocações à vida consagrada, para o bem da Igreja e da humanidade.
       Deus abençoe a vocês todos e todas, derramando chuvas de vida e de graça e fecundando os jardins de suas existências.
 
 
“Amo a todos vocês no Cristo Jesus” (1Cor 16,24).
Com minha bênção,
Dom Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas
e Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada