Mais de 70% dos 511 anos de história brasileira, do descobrimento até 2011, são marcados pela censura. Não há país independente, onde há impedimento de liberdade de expressão e de imprensa, trabalho e renda, educação de qualidade transformadora, cidadania responsável, planejamento familiar. E mais: os alicerces que sustentam a independência são a ética na política, a probidade na gestão pública e os direitos e deveres iguais na sociedade. Restringir a liberdade de comunicação social é ir ao encontro do hospício, fugir da vida, aceitar a destruição de ideais. Liberdade é característica natural do ser humano.
As ditaduras e os ditadores reprimem a evolução da espécie, estrangulam o crescimento econômico, desvirtuam os fundamentos políticos. É comum as autoridades ditatoriais se comunicarem verticalmente, isto é, para com alguns poucos, com aqueles que representam seus próprios interesses. Dificilmente toleram opiniões de terceiros, não aceitam a troca de idéias, não permitem a participação dos opositores e tampouco dividem a responsabilidade diante dos fracassos causados diretamente pelos seus atos.
O ditador, na maioria das vezes, não assume responsabilidades da corrupção. Por não ter nobreza de caráter, sentido do dever e consciência de comando, vai perdendo a confiança, o respeito e a simpatia dos cidadãos. É fácil observar que os ditadores, tanto naquilo que escrevem como nas suas conversas, buscam jeitos especiais para impressionar, carecendo sempre da naturalidade. Qualquer que seja a informação, ela fica desencontrada e desligada do objeto. Utilizam uma linguagem de laboratório, distante da visão atual de comunicação.
Há quem ainda fale da liberdade de imprensa como defeito da modernidade. Estamos em tempos novos. Governantes, legisladores, gestores, professores, padres e lideranças precisam estar em harmonia com o seu tempo e as novas formas de comunicação. É hora de entender que acabou a era em que o poder, o dinheiro, a esperteza, a humilhação e a subordinação proporcionavam ao ditador a simpatia das massas.
É preciso mais atenção para não ficar apontando o dedo para os ditadores de países da América, Europa, Ásia e África. Só as liberdades de expressão e de imprensa estimulam processos de conscientização dos cidadãos, permitem conhecer a própria cultura e realidade, promovem a união e a solidariedade. Conquistadas com o sangue de heróis e gente inocente, a liberdade e a independência brasileira jamais poderão ficar restritas ao direito individual de alguns, nem sob a tutela de quem quer que seja.
Pedro Antônio Bernardi (jornalista e economista, professor universitário aposentado, consultor e assessor de comunicação social)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.