segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A humildade que se alcança (Vilmar Dal-Bó Maccari)


A HUMILDADE QUE SE ALCANÇA
(por Vilmar Dal-Bó Maccari)

Minha vida nunca foi marcada pela fome e pela miséria. Não conheci a despensa vazia e nem tive a pobreza como companhia, pelo contrário, prato cheio e roupas boas, até mesmo nos momentos mais difíceis de crise, sempre me acompanharam. Porém, isso não significa dizer que não passei por restrições e carências, amarguras e abatimentos, revoltas e sofrimentos. Trilhei por diversas vezes o caminho da desolação e da pobreza, mesmo que de “barriga cheia”.

Nestes últimos dias tenho refletido profundamente sobre o valor da restrição, tudo aquilo que nos limita e nos faz ser menos ou, quem sabe, mais do que somos. As restrições, num primeiro momento, podem parecer-nos um processo de castração, aniquilamento, o que limita a possibilidade humana. O homem restringido é um homem não realizado. Mas, por sua vez, a restrição é sempre uma prova de superação para o próprio homem. Como lidar, acontecer, realizar diante das restrições impostas pela vida? Como sorver a vida a partir das restrições? Qual homem não está sujeito a restrições como força, fadiga, sofrimento, doença, morte? As restrições fazem parte do limite humano e o próprio homem se torna limite na sua condição humana. O humano por si já é um acontecimento restrito.

Lidar com a restrição, com o limite, com a sobra é uma tarefa árdua, porém, necessária. É essa aridez a possibilidade mais fecunda de uma experiência humanizadora e humanizante. Humanizar-se é sempre um processo penoso e necessário.

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