domingo, 19 de outubro de 2014

19/10/2014 - Beatificação do Papa Paulo VI (Dom Orlando Brandes)


A Igreja exulta de alegria e gratidão pela beatificação do Papa Paulo VI. Os santos nos impelem à santidade. Paulo VI é o Papa da continuação, conclusão, recepção e aplicação do Concílio Vaticano II. Vamos conhecê-lo um pouco.
1. Um Papa original. Ele acolheu leigos e membros de outras religiões como ouvintes do Concílio. Criou o Secretariado para os não cristãos. Desfez-se da tiara, coroa com a qual os Papas eram coroados no início do Pontificado e deu o dinheiro aos pobres. Sua atenção pelos pobres aparece no Primeiro Sínodo sobre a justiça, mas, principalmente na Encíclica (Popularum Progressio, 1967). Com Paulo VI iniciou-se a evangelização dos Papas às nações do mundo através das viagens apostólicas. Foi o primeiro Papa a visitar a Terra Santa, a America Latina, a ONU, a Organização Internacional do Trabalho, a Índia, as Filipinas onde sofreu um atentado. Foi o primeiro Papa a sair da Itália para evangelizar.
2. Um Papa decididamente ecumênico. Beija os pés do Patriarca de Constantinopla, devolve a relíquia da cabeça de Santo André à Igreja Ortodoxa. Retirou a excomunhão entre católicos e ortodoxos. Visitou o Conselho Ecumênico das Igrejas em Genebra. Devolveu a bandeira da Turquia que foi retida pelos católicos desde a batalha de Lepanto (1530). Este foi um gesto de aproximação do Islão.
3. Um Papa de amor à Igreja. Este amor se manifesta na fidelidade ao Concílio Vaticano II. Soube carregar a pesada cruz do pós-concílio. Sofreu críticas oposições, rejeições, afrontas. Seu amor à Igreja tem sua raiz na espiritualidade da cruz. O famoso Credo de Paulo VI é um testamento sobre fé católica visto que apareceram muitas crises, dúvidas, heresias, noites escuras a respeito da fé. Surgiu o catecismo Holandês. Paulo VI é o Papa da fé. Sua primeira Encíclica foi sobre o diálogo no interior da Igreja e com o mundo. Com Paulo VI aprendemos a amar apaixonadamente a Cristo, a Igreja e o homem. Uma grande e gloriosa etapa do Pontificado de Paulo VI foi a publicação da Encíclica sobre a Evangelização no mundo contemporâneo (1975) a famosa “Evangelii Nuntiandi” que é um documento inesgotável, atual, inspirador. Trata-se de uma Carta Magna sobre a Evangelização. Paulo VI é o santo da renovação, atualização, inculturação da Igreja. Declarou Santa Tereza de Avila e Santa Catarina de Sena doutoras da Igreja.
4. Um Papa místico e sábio. Era visível em Paulo VI a ternura e a coragem, a fé e a transformação social, a interioridade e a profecia , a mística e a ciência, a santidade e diplomacia. Sua aparente fragilidade e fraqueza física são superadas pela singular força de vontade, pela extraordinária inteligência, pela intensa vida espiritual. Seu amor a Maria era grande. Declarou Maria, Mãe da Igreja, visitou Fátima e Éfeso na Turquia e escreveu a Exortação Apostólica Marialis Cultus sobre o culto a Maria.
5. Um Papa profeta da paz. Proclamou o Primeiro dia do Ano como dia Mundial da Paz. Foi à ONU como peregrino e profeta da paz. Grande amigo de Dom Helder Câmara sempre apoiou o amor preferencial aos pobres, a luta dos camponeses, operários, jovens. Enfrentou problemas em relação à guerra no Vietnã. Sua coragem profética foi um grito em prol da justiça no mundo como condição para a paz.
6. Um Papa marcado pela cruz. Paulo VI abraçou a cruz da rejeição e da incompreensão dentro e fora da Igreja. Sofreu ao iniciar a reforma da Curia Romana, ao confirmar o celibato dos padres, ao simplificar as vestes dos cardeais, bispos e mudar a estrutura do Vaticano como também ao abrir o coração da Igreja aos pobres. A reforma do Missal Romano, a aplicação dos Documentos do Concílio, a decisão de escrever a Encíclica Humanae Vitae sobre a paternidade responsável custaram-lhe muito sofrimento. Sofreu o “martírio cotidiano” pelo amor e fidelidade à Igreja. Em tudo isso, sua santidade pessoal foi comprovada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.