O
curso do rio ma ajuda a compreender a vida, porque se assemelha ao caminho da
pessoa. Brota límpido e claro de uma rocha ou de uma geleira, para descer ao
vale, não sabendo ainda se chegará ao mar ou se terminará sua corrida num lago
sem saída. As escarpas abruptas que encontra pelo caminho dão-lhe vertigens,
mas quem o observa caindo, admira a beleza de suas cachoeiras. Torna-se
espelho para o verde das árvores e para as estrelas do céu; dá vida aos peixes
que acolhe; mata a sede e refresca...
Mas
seu caminho é de repente assinalado por dificuldades: apertado pela mordida da
grande cidade, o rio perde a sua limpidez e, fechado na prisão faz-se
silencioso. Vem a mente o desejo
de se perguntar por que se tem que andar tanto, se andar significa perder a
beleza e tornar-se inútil.
Mas quando tudo
parece perdido, de súbito o rio vê diante de si o mar, sua meta. O impacto é
terrível, mas purificador: as ondas salgadas erguem uma barreira e o rio deve
deixar-se filtrar, lenta e dificultosamente, por aquela água nova,
compreendendo finalmente o sentido de seu percurso.
Assim a pessoa
que principia sua vida na simplicidade e na inocência do bebê, que no decorrer
dos anos faz explodir a sua criatividade em projetos e realizações, que faz
sair de si as potencialidades do amor, se acha diante das dificuldades,
canseiras e fraquezas.
Mas como o rio que se
defronta com o mar, para desembocar e perder-se dentro dele, também a pessoa,
se sabe viver sua luta cotidiana na paciência e na esperança, há de encerrar
sua carreira no infinito.
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