Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
Sermão 289, 3º para a Natividade de João Baptista
O maior dos homens foi enviado para dar testemunho
d'Aquele que era mais que um homem.
Com efeito quando aquele que
«é o maior de entre os nascidos de mulher» (cf Mt 11,11) diz:
«Eu não sou o Messias» (Jo 1,20) e se humilha face a Cristo,
temos de entender que há em Cristo mais que um homem. [...]
«Sim, todos nós participamos da Sua plenitude,
recebendo graça sobre graça» (Jo 1,16).
Que quer dizer «todos nós»?
Quer dizer os patriarcas, os profetas e os santos apóstolos,
aqueles que precederam a Incarnação
ou que foram enviados depois pelo próprio Verbo incarnado,
«todos nós participamos da Sua plenitude».
Nós somos recipientes, ele é a fonte.
Portanto [...], João é homem, Cristo é Deus:
é preciso que o homem se humilhe, para que Deus seja exaltado.
Foi para ensinar o homem a humilhar-se que João nasceu
no dia a partir do qual os dias começam a decrescer;
para nos mostrar que Deus deve ser exaltado,
Jesus Cristo nasceu no dia em que os dias começam a aumentar.
Há aqui um ensinamento profundamente misterioso.
Nós celebramos a natividade de João como celebramos a de Cristo,
porque essa natividade está cheia de mistério.
De que mistério? Do mistério da nossa grandeza.
Diminuamo-nos em nós próprios para podermos crescer em Deus;
humilhemo-nos na nossa baixeza, para sermos exaltados na Sua grandeza.