sexta-feira, 29 de abril de 2016

"Trindade eterna, és criador e eu criatura"


Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.

Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de amar-te.

Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.

Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu,o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos homens.

Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!

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 Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

terça-feira, 19 de abril de 2016

"Sê tu sacrifício e sacerdote de Deus"


Ó homem, sê tu sacrifício e sacerdote de Deus;
não percas aquilo que te foi dado pelo poder do Senhor.
Reveste-te com a túnica da santidade,
cinge-te com o cíngulo da castidade;
seja Cristo o véu de proteção da tua cabeça;
que a cruz permaneça em tua fronte como defesa.
Grava em teu peito o sinal da divina ciência;
eleva continuamente a tua oração como perfume de incenso;
empunha a espada do Espírito;
faze de teu coração um altar.
E assim, com toda confiança,
oferece teu corpo como vítima a Deus.

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Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo no séc. V



"Experimentareis a bondade do Pai"


Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos
causados por vós. Não tenhais medo.
Esta cruz não me feriu a mim, mas feriu a morte.
Estes cravos não me provocam dor,
mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós.
Estas chagas não me fazem soltar gemidos,
mas vos introduzem ainda mais intimamente em meu coração.
O meu corpo, ao ser estirado na cruz,
não aumenta o meu sofrimento,
mas dilata os espaços do coração para vos acolher.
Meu sangue não é uma perda para mim,
mas é o preço do vosso resgate.
Vinde, pois, convertei-vos e pelo menos assim
experimentareis a bondade do Pai,
que paga os males com o bem, as injúrias com amor,
tão grandes chagas com tamanha caridade.

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Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo no séc. V



domingo, 3 de abril de 2016

POBRES PADRES VELHOS E A CULTURA DA INGRATIDÃO!


Como padre novo a todo instante escuto pessoas reclamando de seus padres velhos. Pobres Padres Velhos!

Em época de padres "pop stars", cantores, curandeiros e porque não dizer ilusionistas, cresce a cultura da ingratidão!

Pobres Padres Velhos, que na sua vida não aprenderam a ser cantores, mas muitas vezes tiveram de sustentar o canto porque na missa não havia quem cantasse...

Pobres Padres Velhos, que não sabem se comunicar na televisão, mas que durante toda sua vida enfretaram o desafio de comunicar o evangelho mesmo com tão poucos recursos...

Pobres Padres Velhos, sobre eles não se jogam os holofotes dos palcos, porque aprenderam a ser padres nos sertões da vida, celebrando missas iluminados pela vela e não por canhões de luz.

Pobres Padres Velhos, que viveram toda uma vida ungindo os doentes, mas que levam a fama de não curarem como o padre tal. Padres que não mais arrastam multidão, mas que em tempos longíquos eram, sozinhos, pastores de um rebanho imenso.

Não fico feliz quando as pessoas dizem: queríamos um padre novo como você! Sabe por que não fico? Porque quando eu ficar velho, vão dizer o mesmo de mim pra outros! Muito menos fico feliz quando um padre novo se acha melhor que um padre mais velho! Pobre padre novo! Beberá de seu próprio veneno!

É fácil a gente gostar do padre quando ele torna o culto mais emocionante, o difícil é ter maturidade cristã para compreender que aquele padre que hoje precisa de um pouco mais de paciência, já teve paciência com tantos!

Minha gratidão e oração aos padres velhos e esquecidos, mas que durante toda uma vida trabalharam para que as pessoas fossem novas e lembrassem de Deus.

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Pe. Thiago Linhares