Se a Eucaristia é o memorial da Páscoa
da Senhor, se pela nossa comunhão no altar somos cumulados da «plenitude das
bênçãos e graças do céu» (cânone romano), a Eucaristia é também a antecipação
da glória celeste. Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus
discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não
voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o
vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29). Sempre que a Igreja celebra a
Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que
vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Marana tha» (1Cor 16,
22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a tua graça venha e que este mundo
passe!» (Didaké).
A Igreja sabe que, desde já, o Senhor
vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio de nós. Mas esta presença é
velada. E é por isso que celebramos a Eucaristia «enquanto aguardamos a feliz
esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador» (Tit 2,3), pedindo a graça
de ser acolhidos «com bondade no vosso Reino, onde também nós esperamos ser
recebidos, para vivermos [...] eternamente na vossa glória, quando enxugardes
todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo-Vos tal como sois, Senhor nosso
Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos
louvores, por Jesus Cristo nosso Senhor» (oração eucarística).
Desta grande esperança – dos novos céus
e da nova terra, onde habitará a justiça (2Pe 3,13)– não temos garantia mais
segura nem sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito, cada vez que
se celebra este mistério, «realiza-se a obra da nossa redenção» (Lg 3) e
«partimos o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer,
mas viver em Jesus Cristo para sempre» (Santo Inácio de Antioquia).
Catecismo da Igreja Católica, §§
1402-1405
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