O Pai enviou à terra o Verbo, porque
[…] desejava que Ele Se manifestasse de forma visível, a fim de que o mundo, ao
vê-Lo, pudesse salvar-se. Sabemos que o Verbo assumiu um corpo no seio da
Virgem e transformou o homem velho numa nova criação. Sabemos que Se fez homem
da nossa mesma substância. Se não fosse assim, em vão nos mandaria que O
imitássemos como mestre. Se este homem tivesse sido formado de outra
substância, como poderia impor-me a mim, débil por nascimento, as mesmas coisas
que Ele fez? Como poderíamos, em tal caso, dizer que Ele é bom e justo?
Mas, para que ninguém pensasse que era
diferente de nós, suportou o trabalho, quis ter fome, não recusou a sede,
dormiu para descansar, não rejeitou o sofrimento, submeteu-Se à morte e
manifestou a sua ressurreição. Em tudo isto, ofereceu a sua humanidade como
primícias, para que tu não desanimes no meio do sofrimento mas, reconhecendo-te
homem, esperes também tu receber o que a Ele foi oferecido.
Quando contemplares a Deus tal qual é,
terás um corpo imortal e incorruptível como a alma, e possuirás o Reino dos
Céus, tu que, peregrinando na terra, conheceste o Reino dos Céus. Viverás então
na intimidade de Deus, serás herdeiro com Cristo, e já não estarás sujeito a
concupiscências, paixões ou enfermidades, porque foste elevado à condição
divina. […] Cristo é o Deus que está acima de todas as coisas, que decidiu
libertar os homens do pecado, renovando o homem velho que tinha criado à sua
imagem desde o princípio, e manifestando nesta imagem renovada o amor que tem
por ti. Se obedeceres aos seus santos mandamentos e imitares com a tua bondade
o Bem supremo, serás semelhante a Ele.
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Santo Hipólito de Roma (séc. III), presbítero e
mártir
«Refutação de todas as heresias», 10, 33-34
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