Embora a todo o discípulo de Cristo incumba a obrigação de difundir a fé conforme as suas possibilidades, Cristo Senhor continua a chamar, de entre os discípulos, os que Ele quer para estarem com Ele e os enviar a evangelizar os povos (Mc 3,13-14).
Porém, ao chamamento de Deus, o homem deve responder
de forma tal que, sem se deixar guiar pela carne e o sangue (Gal 1,16), todo
ele se entregue à obra do Evangelho. Mas esta resposta não pode ser dada senão
por impulso e virtude do Espírito Santo. O enviado entra, portanto, na vida e
missão daquele que «a Si mesmo Se aniquilou tomando a forma de servo» (Fil
2,7). Por conseguinte, deve estar pronto a perseverar toda a vida na vocação, a
renunciar a si e a todas as suas coisas (Lc 14,26.33), e a fazer-se tudo para
todos (1Cor 9,22).
Anunciando o Evangelho aos povos, dê a conhecer
confiadamente o mistério de Cristo, do qual é legado, de maneira que ouse falar
dele como convém (Ef 6,19), não se envergonhando do escândalo da cruz. Seguindo
os passos do seu mestre, manso e humilde de coração, mostre que o seu jugo é
suave e leve a sua carga (Mt 11,29). Mediante uma vida verdadeiramente
evangélica, com muita paciência, longanimidade, suavidade, caridade sincera, dê
testemunho do seu Senhor até à efusão do sangue, se for necessário. Alcançará
de Deus virtude e força para descobrir a abundância de gozo que se encerra na
grande prova da tribulação e da pobreza absoluta.
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Decreto sobre a Atividade Missionária da Igreja (Ad Gentes), § 23-24,
do Concílio Vaticano II